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Os Grupos e as suas marcas na História

Page history last edited by Luciene 15 years, 3 months ago

 

 

I

 

De acordo com a Psicologia Social, desde o nascimento, somos inseridos em um grupo. Primeiro participamos da Família e, depois, vamos ampliando esse pertencimento com a inserção em outros grupos como amigos, escola, trabalho.

Se observarmos pessoas em uma danceteria, por exemplo, vamos notar que muitas se aproximam, dançam juntas, participam de alguma coreografia criada por alguém e se separam momentos depois, buscando novos parceiros ou companhias. Na fila de um banco ou sentados em um transporte coletivo, estamos próximos a muitas pessoas. Nestes dois casos, falamos de agrupamento de pessoas e, não de grupos.

Para sabermos o que é um grupo precisamos tomar emprestadas as palavras de Pichon-Rivière (1994), quando ele afirma que grupo é um conjunto de pessoas “ligadas entre si por constantes de tempo e espaço e articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe, de forma explícita ou implícita, uma tarefa que constitui sua finalidade”.

 

 

 

Então, pessoas que estão juntas por algum tempo, que fazem parte do mundo interno umas das outras, demonstrando  certa familiariedade, e compartilham de um propósito são caracterizadas como Grupo.

 

 

É através da observação de seus pacientes que Pichon, este psiquiatra argentino, desenvolve a técnica de Grupos Operativos e traz o conceito de Teoria do Vínculo.

Quer um exemplo interessante? Então, pense  em uma proposta, trazida por um professor, de realizar um Projeto de Ciências, em grupo, sobre determinado assunto. É fácil, inicialmente? Todos concordaram , de imediato, com a mesma forma de abordar o assunto? Que fases o grupo passou até chegar ao término do trabalho?  Pensou? Então, leia o que Pichon conclui:

  

 

"Antes de entrar em tarefa o grupo passa por um período de "resistência", onde o verdadeiro objetivo, da conclusão da tarefa, não é alcançado. Essa postura paralisa o prosseguimento do grupo. Realizam-se tarefas apenas para passar o tempo, o que acaba por gerar um insatisfação entre os integrantes (tal período denomina-se pré-tarefa). São tarefas sem sentido onde faltam-lhe a revelação de si mesmo. Somente passado este período, o grupo, com o auxílio do coordenador, entra em tarefa, onde serão trabalhadas as ansiedades e questões do grupo. A partir dessas, elabora-se o que Pichón chamou de projeto, onde aplicam-se estratégias e táticas para produzir mudança."

  

Alguma semelhança com um momento já vivido por você?

 

Em relação aos papéis vividos pelos participantes em um grupo, Pichon destaca cinco:

 

 

  • Líder de mudança - encarregado de levar adiante as tarefas e, muitas vezes, se arriscando perante ao "novo".
  • Líder de resistência - aquele que freia o grupo, sabota tarefas e remete à etapa inicial.

Ambos são necessários para o equilíbrio do grupo.

 

  • Porta-voz - é quem traz todas as ansiedades e reivindicações do grupo. Funciona como se fosse uma "chaminé".
  • Bode-expiatório - aquele que assume os conteúdos latentes causadores de mal-estar (medo, culpa, vergonha, timidez) e os aspectos negativos do grupo.
  • Os silenciosos - obrigam o restante do grupo a falar, assumindo para si a dificuldade dos demais para se comunicarem.

 

Em relação à trajetória o grupo operativo se caracteriza em 3 momentos distintos:

 

  1. Pré-tarefa - quando o grupo foge evitando a tarefa. Há o medo da perda do que já é conhecido e, também, resistência ao novo. (mudanças)
  2. Tarefa - quando os participantes se concentram na tarefa e ellaboram e superam os medos dificultantes da aprendizagem.
  3. Projeto - quando todos se concentram nas ações futuras.

 

 

Pichon nos diz que “é impossível conceber uma interpretação de ser humano sem levar em conta seu contexto, ou a influência do mesmo na constituição de diferentes papéis que se assume nos diferentes grupos por que passamos”.

A influência dos grupos é inegável em nossas existências. O ser humano vive em sociedade, e a sociedade invariavelmente é formada por grupos, quer queiramos ou não fazemos parte de grupos. Com alguns temos mais afinidades que outros. Poderíamos até dizer que não nos identificamos com alguns dos grupos dos quais fazemos parte.  Por exemplo, se pertencemos a uma escola da qual não gostamos, quer por suas características sociais ou pelo seu quadro docente, enfim, uma falta de vínculos afetivos, isto não impede de fazermos parte deste grupo. Estamos, neste caso, vinculados a este grupo escolar com ou sem afinidade. Em outros casos só pertencemos ao grupo, pois temos uma forte identificação com o mesmo.

 

II

 

Agora, vamos pensar mais um pouco nas descobertas de Pichon e relacioná-las com um grupo que, inegavelmente, deixou a sua marca na história e em nossas lembranças: OS BEATLES.

 

 

No inicio de sua carreira, os The Beatles formavam uma banda com um visual “clean”, com atitudes comportadas e músicas românticas. Em seu entorno formou-se um grupo maior, o dos seus fãs. Embora a “Beatlemania” seja atribuída principalmente ao publico feminino, os jovens de maneira geral procuravam imitar e seguir os seus ídolos. Mas nem todos se identificavam com o estilo da banda, preferiam algo mais “bad boy”. Talvez isto justifique o grande sucesso da banda Rolling Stones ao lado dos The Beatles na famosa “invasao Britânica”. As pedras rolaram com sua irreferencia e carregaram os estigma de  drogas, sexo e roking roll. Diferentes grupos que atraiam grupos de fãs diferentes. Se na banda existe uma identidade do grupo, essa mesma identidade se multiplica em diferentes faces no grande grupo composto por seus fãs, sendo as vezes impossível reconhecê-los como pertencentes a uma legião de fãs. Mas porquê identificar-se com um ou outro grupo? Bion(psicanalista e psiquiatra inglês,que desenvolveu pesquisas sobre a formação e fenômenos de grupos) ,nos diz que o grupo é "essencial para a realização da vida mental do homem - tão essencial para isto quanto a economia e a guerra". A música, a dança e os esportes tem o poder de arrastar multidões. Formam imensos grupos de pessoas com objetivos e interesses comuns. Quer seja no refrão de uma canção ou na formação da "ola" em um estádio de futebol, não há como se negar a sintonia que os envolve.

Os beatmaníacos são o típico caso de pertencimento por identificação com o grupo. Quer seja com o grupo musical (a banda) ou com os demais membros do seu fã-clube. A música é um grande fator de agrupamento, mas no caso dos Beatles, foram criados vários outros fatores que ajudaram os jovens a identificarem-se com este grupo. Brian Epstein, ao gerenciar a banda criou um modelo a ser adotado por seus integrantes e imitado por seus fãs. Os cabelos com cortes parecidos, os ternos (que tinham influência francesa e que ditariam a nova moda) e até mesmo de comportamento. Surgiu assim um conjunto musical formado por “bons meninos”, um modelo a ser seguido por uma multidão de fãs. Embora tudo isso não se sustentasse se não fosse à boa música, o novo “formato” do grupo ajudou a sua identificação com os demais jovens. Os The Beatles, agora possuíam um projeto, cuja estratégia e táticas deram certo por um bom tempo.Depois deste "tempo",os interesses de cada integrante foram maiores do que o projeto que os unia,o que promoveu a dissolução daquele grupo.

 

 

 

 

 

 

 

III

 

Já vimos que o ser humano se humaniza na relação com outros humanos. Sendo assim, suas atitudes e ações são desenvolvidas a partir das exigências do grupo. Usamos roupas não porque temos que cobrir o corpo, mas porque os padrões sociais assim o determinam, assim também acontece com os modelos, cores, tamanhos conforme a moda do momento em que se encontra o indivíduo.

O homem é um ser social, vive e constrói o grupo para viver. A vontade de viver em grupo se deve ao fato de que o ser humano é limitado, que tem necessidades e medos, em razão disso decide-se por viver em grupo. Acredita que viver em grupo é um fator de segurança, onde encontra a possibilidade de sanar as suas necessidades. Assim sendo, o ser humano, ao se encontrar fraco, desprotegido e amedrontado, encontra no grupo forças e apoio para se fortalecer. E, assim, dessa maneira que a vida social é um meio pelo qual o homem conseguirá tirar proveito da fraqueza de outros para se fazer forte. Um exemplo que podemos citar é o Reverendo Jim Jones.   

 

 

James Warren "Jim" Jones foi o fundador do grupo Templo do Povo, fanático religioso que acreditava ser Deus pregava o desenvolvimento da força moral e o desapego pelos bens materiais perdeu o controle da fé que anunciava e o sucesso começou a ser preocupante, onde o domínio da situação já não foi mais possível. O pastor portador de transtorno sério da personalidade ao perceber isso, induziu os seguidores da seita "Templo do Povo" a cometerem suicídio em massa, tomando uma mistura de suco com cianureto, morrendo assim mais de 900 fiéis ao ver que sua Jonestown corria o risco de não dar mais certo... Não podendo voltar atrás, pois havia apostado tudo no seu projeto.

Jim Jones, então com 57 anos foi encontrado morto com um furo de bala na cabeça.

 

 

Dois grupos distintos:Beatles através de seu talento,ações individuais e coletivas que se concentravam em mesmos objetivos e crenças,deixaram marcas.E estas marcas se referem a um modo de vida contra a violência,a favor da paz.Os jovens se identificavam com eles,por ouvirem em suas músicas coisas que gostariam de dizer e gritar.Os Beatles,portanto,cantavam  com a vozes de multidões,representando uma época,uma geração.

Suas músicas foram passando por diferentes épocas,porém mantendo o toque de sua genialidade.Escutar Beatles,é ouvir uma parte da história contemporânea.

Por outro lado,as marcas deixadas por Jim Jones e seus seguidores se referem à outro tipo de sentimentos,posturas e ações.De líder carismático e aglutinador,Jim Jones passou ao autoritarismo.Dentro de sua comunidade,a ditadura foi instalada,assim como o medo , a incerteza e a dissociação com a realidade exterior.

Segundo pesquisas realizadas por Bion,podemos reconhecer que o grupo liderado por Jim Jones operava no nível mais primitivo,onde há dependência,necessidade um líder carismático e,portanto,da proteção ou orientação do mesmo.O inconsciente grupal associado ao sentimento de ansiedade,medo e ao comportamento tirânico do líder  tornou-se um dos estopins para esse lamentável registro em nosso passado.

 

 

 

Comments (7)

Anonymous said

at 9:21 pm on Jun 11, 2009

Comentário postado no Diário de Bordo. rs e bjs!

Beatriz Magdalena said

at 2:07 pm on Jun 15, 2009

Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência!! Que genial!! Um abração
Bea

Beatriz Magdalena said

at 10:22 am on Jul 1, 2009

Oi Gurias, vocês ainda estão na fase colaborativa nessa pg. A Chaine e a Iliana, apenas adicionaram seus parágrafos sem mexer em nada e sem fazer elos de ligação. Com isso,tem,os, no mínimo, 2 pg em uma só, o que causa ruptura na leitura. Quem sabe, vocês separam os assuntos e ai trabalham melhor, em um processos mais operativo. Além disso, essa pg ter o título que tem não está com nada!! Bia, tens que renomear!! O que o que está escrito tem a ver com grupos na história? Tem muito mais a ver com formação de grupos, características grupais ou.... Já a segunda contribuição poderia começar a segunda pg , na qual seria introduzida questão dos grupos que maracaram época, juntando com os Beatles que é o representante dos grupos que trouxeram benefícios à humanidade.O terceiro parágrafo tem liga com o que está escrito inicialmente pela Bia mas precisaria estar mais ligado.
Vamos trabalhar!!
Um abração
Bea

Beatriz Magdalena said

at 3:49 pm on Jul 3, 2009

OK Chaine, agora sim. Não fcaria melhor juntar os Beatles e Jim Jones antes de introduzir os papéis que cada um vive no grupo?
Um abração
Bea

Beatriz Magdalena said

at 4:03 pm on Jul 3, 2009

Os link levam diretamente o leitor para outros sites, o que significa que,provavelmente podem não voltar.
Gurias, vocês estão pouco produtivas!!
Um abraço
Bea

Luciene said

at 1:09 am on Jul 7, 2009

Bea,eu e a Bia finalizamos o que a Iliana e a Chaine já haviam iniciado.
Beijo,Luciene

Beatriz Magdalena said

at 4:32 pm on Jul 7, 2009

Embora seja uma pg muito extensa, ficou bem boa, principalmente pela operação conjunta que voc~es tiveram sobre ela. É um belo exemplo de trabalho coletivo, onde ninguém teve receio de riscar porções bem extensas do texto, na tentativa de buscar o melhor texto. Só isso já valeu, pois vocês, no sentido positivo e produtivo de grupo, já o exerceram em suas muitas facetas. O tempo foi o nosso limitador.
Pena!! Um abração
Bea

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